"Eu amo o Senhor Jesus"
24-09-2011 19:48
Saio deste texto mais condenado do que quando nele entrei...
O juiz havia determinado a prisão de Praxedes sob a acusação de prática continuada do cristianismo. O país era a fictícia República Socialista do Hedonismo. Naquela nação era proibida a prática cristã e, depois de algum tempo, Praxedes foi levado a julgamento.
O magistrado leu o processo e perguntou ao réu se ele tinha conhecimento da acusação da promotoria. Ele confirmou que sim.
Usando a palavra que lhe fora franqueada, a ACUSAÇÃO argumenta: “Este senhor Praxedes é um verdadeiro cristão. É aluno da EBD numa igreja do país vizinho, dá seus dízimos regularmente, possui quatro Bíblias de estudo, cumprimenta alguns com ‘a paz do Senhor’ e já foi visto várias vezes usando terno e gravata – indumentária oficial dos crentes. Além disso, temos também como prova da acusação, e anexado ao processo, seu cartão de membro, com foto, em que consta o cargo de presbítero exercido por ele. Temos também, já periciados e com laudos conclusivos de autenticidade, uma fita de áudio gravada em que o réu fala ‘línguas estranhas’, que a nós são ininteligíveis, além de imagens gravadas no templo que frequenta o senhor Praxedes, onde claramente se vê o acusado expulsando demônios de uma pessoa e também participando da ceia.”
O juiz passou a mão no queixo e disse: “A defesa está com a palavra”.
O advogado ajeitou sua bela gravata e começou sua DEFESA: “Excelência, estamos diante de uma acusação equivocada. Meu cliente, o senhor Praxedes, não é um cristão genuíno. Não obstante a consistência da argumentação do nobre promotor, posso provar que o senhor Praxedes está longe de ser um crente. Para tanto, gostaria de enumerar algumas de suas práticas desconhecidas pela maioria dos senhores. Entre outras coisas, o senhor Praxedes:
1. Possui gatonet em sua casa;
2. Visita sites pornográficos quando está sozinho em casa;
3. Na empresa em que trabalha é conhecido como Don Juan, face a sua performance em cantar as colegas de trabalho;
4. Gosta de fazer uma fezinha na mega sena;
5. Realiza compras superfaturadas para levar um por fora;
6. Na sua geladeira não falta uma Skol;
7. Não possui um bom testemunho de seus vizinhos; e
8. Trata mal a mulher e os filhos, além de agredi-los quando vê necessidade.
Por isso, peço que se faça justiça, e se absolva o nobre senhor Praxedes da acusação de ser um cristão genuíno.”
Algum tempo depois, o juiz lê a sentença: “Ao analisar cuidadosamente os elementos do presente processo, este juízo, antes de prolatar sua sentença, relata alguns aspectos que julga serem pertinentes e que, de fato, fundamentam a decisão final.
Apesar da brilhante argumentação da ACUSAÇÃO, a sentença se ergue sobre a convincente arguição da DEFESA. Não exatamente pelos elementos constitutivos da referida defesa, as quais mostram apenas que o réu nada mais é do que um crente nominal, o que é muito comum em alguns países. Mas, e sobretudo, porque suas práticas como membro de uma igreja evangélica, ainda que sejam práticas passíveis e possíveis a quaisquer membros dela, não são seguidas de profundo arrependimento.
Não decido pelos seus atos, mas pela sua omissão em não arrepender-se.
Declaro, portanto, o réu, senhor Praxedes, INOCENTE. Ele não pode ser considerado um cristão, pois lhe falta a contrição necessária, seguida do respectivo arrependimento por suas práticas que são, notadamente, anticristãs.
Praxedes saiu pela porta da frente do Tribunal, comemorando sua absolvição defendida placidamente pelo advogado, Dr. Balaão.
Mais uma vez, foi feita a justiça.
Este texto foi criado a partir do pensamento do Pr. David Otis Fuller, expressado na frase abaixo e colhida no livro Pérolas para a vida de John Blanchard:
“Se você fosse preso por ser cristão, haveria provas suficientes para condená-lo?”
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. (Mt 7:22-23)
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